Histórico
Em 1940 o Governo americano cria o “Airport Development Fund”, que através da Panair do Brasil, subsidiária da Pan American Airways, passa a fornecer recursos para reforma e ampliação de aeroportos civis brasileiros para uso militar dos americanos, tais como os aeroportos de Amapá, Val de Cans (Belém), São Luis, Fortaleza, Parnamirim (Natal), Ibura (Recife), e Fernando de Noronha.
Em 1941, em Parnamirim, nas proximidades de Natal (RN), onde havia um campo de pouso com pista de terra, os americanos iniciam a construção de um aeroporto, com duas grandes pistas pavimentadas, de apoio às companhias aéreas Pan American Airways e Panair do Brasil.
Natal era um ponto estratégico na travessia aérea entre a América do Sul e a África, sendo escala obrigatória na ligação entre a América do Sul e a Europa. Na época somente as empresas Air France e Lati (italiana) tinham voos regulares com escalas em Natal. Além da Panair do Brasil que contava com uma estação de hidroaviões.
A construção do "grande" aeroporto de Natal, com duas modernas pistas, gerou logo a desconfiança da população local, pois a Panair do Brasil contava com apenas um voo semanal e ainda com poucos passageiros.
Logo depois, ainda em 1941, os americanos já controlavam o tráfego aéreo entre Natal e a África. Em pouco tempo enviam para Natal um esquadrão de Catalinas, antes mesmo dos Estados Unidos ou Brasil declararem guerra ao Eixo (Alemanha-Italia-Japão). Só no dia 7 de dezembro de 1941, no ataque de Pearl Harbor, os Estados Unidos declaram guerra ao Eixo. Nesta época o Brasil, oficialmente, era considerado um país neutro.
Em janeiro de 1942, o Brasil rompe relações diplomáticas com o Eixo, seguindo o tratado de defesa de 1939, que previa ajuda mútua entre os países americanos em caso de ataque de uma nação não americana. Em seguida os funcionários civis americanos engajados na construção do suposto "grande aeroporto" da Pan Am em Parnamirim, mudam de uniforme, passando a vestir uniformes militares. A obra do então Aeroporto Internacional é transformado oficialmente na base militar americana de “Parnamirim Field”. Em pouco tempo Natal passa a abrigar cerca de 10 mil soldados americanos e grande frota de aeronaves.
Em agosto de 1942, após supostos afundamentos de navios brasileiros por alemães, o presidente Getúlio Vargas, simpático ao Eixo, declara estado de “beligerância”. Em seguida, no dia 31 de agosto de 1942, finalmente, o Brasil declara guerra ao Eixo.
Entre os dias 28 e 29 de janeiro de 1943, em Natal, na antiga estação de passageiros dos hidroaviões da Panair do Brasil, o presidente Franklin Roosevelt, em visita à "Parnamirim Field", e o presidente Getúlio Vargas, celebram a conferência do Potengi, marcando a entrada do Brasil na Segunda Guerra com o envio de tropas para a Europa.
Logo após a assinatura, pelo presidente Getúlio Vargas, do acordo militar celebrado entre o Brasil e os Estados Unidos, a primeira medida concreta praticada pelo Governo do Brasil foi determinar a imediata construção da Base Aérea Internacional de Manaus.
Em 1943, no dia 10 de outubro, através do Decreto nº 5.878, o Governo Federal cria a Fundação Brasil Central, com a suposta finalidade de povoar o interior dos estados de Goiás, Mato Grosso e Pará, fixando o homem no campo através de núcleos de colonização, com atividades agrícolas e industriais, para que esse núcleos se transformassem em celeiros e importantes centros urbanos.
Em 1943 a Fundação Brasil Central funda seu primeiro núcleo de colonização, o de Aragarças, implantado no garimpo de diamantes de Barra Goiana, localizado na margem direita do rio Araguaia, na divisa entre os estados de Goiás e Mato Grosso. O antigo garimpo ganha então importantes melhoramentos, tais como serviço médico, escola, aeroporto, olaria, serraria, hotel e escala do correio aéreo nacional. Em abril de 1945, a cidade de Aragarças já contava com cerca de 2 mil habitantes. Em 1954 é elevada à categoria de Município.
Ainda em 1943, a Fundação Brasil Central, a partir de sua base de Aragarças, organiza a expedição de reconhecimento “Roncador-Xingu”. Depois de 84 dias, rumando ao norte em terras desconhecidas, habitadas pelos índios xavantes, alcançam em dezembro de 1943, o Rio das Mortes, fundando a cidade de Xavantina, nova base da expedição.
Em 1945, saindo de Xavantina, a Fundação Brasil Central, organiza nova expedição, comandada pelo coronel Mattos Vanique, para reconhecer e implantar campos de pouso na vasta região entre os rios Xingu e Tapajós. No mesmo ano é iniciada a construção de uma estrada para o Xingu, rumo ao norte, já tendo sido abertos 20 Km. A expedição seguia uma diretriz diagonal, visando ligar Aragarças a Manaus, passando pela Serra do Cachimbo.
Em janeiro de 1946, a expedição Xingu-Tapajós já tinha alcançado o Rio Culuene, faltando apenas 60 Km para atingir o Rio Xingu. O objetivo era instalar, entre os rios Xingu e Tapajós, um moderno aeroporto com pista de 2 mil metros de extensão, para servir de escala aos aviões da rota Rio de Janeiro–Manaus–Miami. No local do futuro aeroporto também deveria ser construída a maior e mais importante base da expedição.
No dia 2 de outubro de 1946, logo após o fim da Guerra, oficialmente, através do Decreto nº 21.888, o Brasil coloca em vigor o acordo sobre os transportes aéreos firmado com os Estados Unidos, cujas cláusulas principais previam o estabelecimento de rotas americanas para o Brasil, incluindo a rota Manaus – Goiânia – São Paulo ou Rio de Janeiro.
Em fevereiro de 1950, é inaugurado o campo de pouso no alto do Rio Teles Pires, distante 400 Km de Xavantina, onde é instalada uma estação de rádio transmissora e receptora assegurando ligações diárias com Xavantina, Aragarças e Rio de Janeiro. O campo de pouso foi instalado como base para o reconhecimento da região, dentro do programa de exploração das bacias dos rios Xingu e Tapajós. Logo em seguida, em setembro de 1950, é fundado o Campo de Pouso da Serra do Cachimbo.
Revista Brasil Constrói. 1950
Em julho de 1950, a Fundação Brasil Central lança a expedição para o Rio Tapajós para a construção de um campo de pouso no povoado de Jacareacanga, distante 486 Km de Santarém. O povoado é alcançado no dia 10 de agosto de 1950, quando começam os preparativos para implantação do campo de pouso.
No dia 3 de setembro de 1950, a expedição Xingu-Tapajós da Fundação Brasil Central, sob o comando dos Irmãos Vilas Boas, apoiados por agentes da FAB, alcançam a Serra do Cachimbo, pousando num descampado existente, através dos aparelhos "Nordwing-2805" da Força Aérea Brasileira (FAB) e do "Fairchild-P.P.FBB" da Fundação Brasil Central.
Em 1951, no início do Governo Vargas, assim que o Sr. Arquimedes Pereira Lima assume a presidência da Fundação Brasil Central, a Expedição Roncador-Xingu é extinta. Em 1952 os campos de pouso da Fundação se encontravam praticamente abandonados, sem nunca terem recebido melhorias como lavouras ou residências, que atestassem o real objetivo da Fundação Brasil Central de povoar o imenso vazio demográfico da Amazônia. Em agosto de 1954 o Sr. Arquimedes Lima é exonerado do cargo, sendo substituído pelo general Francisco Borges Fortes de Oliveira.
Em 1953, é lançada a construção das pontes sobre o Rio Araguaia, entre as cidades de Barra do Garças (MT) e Aragarças (GO), a primeira com vão de 203 metros de extensão, e a outra com 154 metros. Na época, entre os sertões de Goiás e Cuiabá, só havia as cidades de Aragarças e Poxoréu, ambas antigos garimpos de diamante. A ponte, no entanto, só foi inaugurada no dia 6 de janeiro de 1958, em cerimônia com a presença do presidente JK.
Em janeiro de 1954, o Governo Federal entrega importantes melhorias para o estabelecimento da rota área internacional Rio de Janeiro – Manaus – Miami. No dia 20 de janeiro, com a presença do presidente da república, Getúlio Vargas, é oficialmente inaugurada a nova pista, com 2 mil metros de extensão, do Campo de Pouso do Cachimbo, que ganha o status de Aeroporto Internacional, passando a ser controlado pela FAB. O Campo de Pouso de Jacareacanga, na mesma época, recebe importantes melhorias para também servir apoio à rota Rio de Janeiro – Manaus. Em seguida, no mesmo dia, após a inauguração do Aeroporto de Cachimbo, o presidente da república voa para Manaus, num “Lockheed Lodestar” da FAB, onde inaugura a nova pista, com 2 mil metros de extensão, e a nova estação de passageiros do Aeroporto Internacional de Manaus. Entrega também a Base da Força Aérea Brasileira em Manaus, junto do Aeroporto Internacional de Ponta Pelada. No dia seguinte, o presidente voa, sem escalas, num “Constellation” da Panair do Brasil para o sul de Mato Grosso, com tempo record de voo de 4 horas e 40 minutos, onde inaugura a nova pista da Base Aérea de Campo Grande.
Em setembro de 1954, numa aeronave C-47 (DC-3) o coronel José Bordeaux Reago, chefe das operações do Comando de Transportes Aéreos do Correio Aéreo Nacionaç, realiza o voo de inspeção final, para implantação da rota aérea Rio de Janeiro – Aragarças – Cachimbo – Jacareacanga – Manaus, com 2.940 km de extensão. A primeira linha do Correio Aéreo Nacional foi inaugurada em junho de 1931.
Ainda em 1954, no mês de fevereiro, em função da necessidade de transporte de combustível e materiais para manutenção de aeronaves da Base Aérea do Cachimbo, o Ministério da Aeronáutica anuncia a construção de duas importantes rodovias, a primeira entre a Base do Cachimbo e o Campo de Pouso de Jacareacanga, com cerca de 540 Km de extensão, se conectando com a estrada existente para a cidade de Itaituba, que contornava o trecho encachoeirado do Rio Tapajós. A segunda rodovia seria implantada entre a Base do Cachimbo e o Campo de Pouso do Xingu, onde havia um posto do Serviço de Proteção aos Índios. Na época a Fundação Brasil Central também construía uma estrada entre Xavantina e a região habitada pelos índios Xavantes, não muito distante do Campo de Pouso do Xingu.
Em fevereiro de 1956, o engenheiro Jerônimo Monteiro Filho, vice-presidente do Conselho Rodoviário Nacional, apresenta o plano de implantação de uma rodovia radial Brasília – Manaus, passando pelas localidades de Cachimbo, Jacaré-Acanga e Nova Olinda, integrante da rota Pan-Americana Rio de Janeiro – Bogotá.
Em 1957, no dia 3 de janeiro, a Base Aérea do Cachimbo recebe a visita do presidente Juscelino Kubitschek, em viagem entre o Rio de Janeiro e Manaus. Em Cachimbo inspeciona as obras de construção da estrada entre a Base Aérea e Jacareacanga, que já contava com 250 Km abertos, do total de 550 Km planejado. Na ocasião JK aventou a possibilidade do estabelecimento de um núcleo populacional em Cachimbo. Comentou que iria solicitar ao Instituto Nacional de Imigração e Colonização os estudos necessários, incumbindo a Fundação Brasil Central de estender a estrada de penetração que já havia ultrapassado Xavantina.
Em maio de 1957, o Governo Federal anuncia o plano de implantação de uma base americana de foguetes teleguiados, no Aeroporto de Cachimbo.
Em dezembro de 1957, o presidente da Fundação Brasil Central, José de Paula Retto, solicita ao Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) a determinação do Centro Geográfico do Brasil, localizado no atual Município de Peixoto Azevedo (PA), próximo da confluência dos rios Xingu e Jarina, a 278 Km em linha reta de Cachoeira da Serra (PA). No dia 17 de agosto de 1958, a Expedição para fixação do Marco do Centro Geográfico parte do Posto Capitão Vasconcelos da Fundação Brasil Central, descendo os rios Culuene e Xingu até determinado ponto de onde abrem uma picada de cerca de 20 Km até o Centro Geográfico, alcançado no dia 14 de outubro de 1958.
As coordenadas do centro geográfico do Brasil (10º 20’ S e 53º 12’ W de Greenwich), localizado no atual Parque Indígena do Xingu, foram obtidas e marcadas no dia 14 de outubro de 1958 pelo geólogo Franklin de Andrade Gomes, contratado pelo Governo Federal. Na época, Franklin Gomes era funcionário da PROSPEC, uma empresa especializada na pesquisa para localização de recursos minerais. Mais tarde, trabalhou na "National Aeronautics and Space Administration (NASA)", nos Estados Unidos.
Em fevereiro de 1958, na Câmara dos Deputados do Congresso Nacional, é lançado o projeto de criação do Parque Indígena do Xingu.
Em junho de 1958, a partir de Xavantina, a Fundação Brasil Central já tinha construído um caminho até o Campo de Pouso de Garapú, nas nascentes do Rio Xingú.
Em 1964, o Governo Militar nomeia o coronel aviador Lontra, da Força Aérea Brasileira, para Presidente da Fundação Brasil Central. Segundo o ministro extraordinário para a Coordenação dos Organismos Regionais, as finalidades da Fundação Brasil Central foram desvirtuadas nos últimos anos. A Fundação deveria ser novamente acionada em favor do desbravamento e conquista das regiões mato-grossenses e paraenses.
Em 1965 a Fundação Brasil Central cria a expedição Xavantina-Cachimbo com o objetivo de implantar uma estrada entre Xavantina e Santarém, via Serra do Cachimbo. O traçado da estrada, saindo de Xavantina, deveria seguir pelo divisor das águas das bacias dos rios Araguaia e Xingu, ultrapassando o Rio Xingu a 700 Km de distância de Xavantina, na altura da cachoeira Von Martius, na confluência dos rios Xingu e Jarina, onde o rio era raso e pedregoso, evitando o Parque Indígena do Xingu. Após ultrapassar o rio Xingu, a diretriz da rodovia seguia para oeste, entre o divisor de águas do Rio Ipiranga e a Serra Formosa, até alcançar a Serra do Cachimbo, de onde tomaria o rumo norte até Santarém, seguindo o divisor de águas das bacias dos rios Xingu e Jamanxim. Já evitando a região entre a Serra do Cachimbo e Jacareacanga.
A Expedição era formada por antigos funcionários da Fundação Brasil Central, usando o antigo e precário maquinário da “Operação Ilha do Bananal”, que construiu um Hotel de Luxo na Ilha do Bananal, que apesar de edificado, nunca foi inaugurado, sendo perdido num incêndio.
A expedição Xavantina-Cachimbo parte no dia 20 de maio de 1965, em cerimônia realizada na mata do Rio Areões, a 20 km de Xavantina, que contou inclusive com a presença do ministro do Interior Cordeiro de Farias, sendo amplamente divulgada pela imprensa. A expedição era comandada por Enzo Pizzano, da antiga expedição de Aragarças de 1943, mas que logo pediu demissão e foi substituído por Sérgio Bacelar Vahia de Abreu, filho do Dr. Delcídio Vahia, médico da expedição Roncador-Xingu de 1943.
Seguindo a diretriz, o traçado da estrada era definido através de voos altos e rasantes, com a antiga aeronave da Fundação Brasil Central, o "Cessna 170", considerado o principal instrumento da empreitada.
Em meados de 1967, por ordem do então Ministro do Interior Albuquerque Lima, após 450 Km de estrada aberta, a obra foi paralisada, nas proximidades da fazenda Suiá-Missu, de propriedade do grupo Ometo, a maior família produtora de açúcar do mundo, que também ajudara a construir a Estrada, cedendo homens e equipamentos. Logo após a ordem de paralisação é então construído, em poucos dias, um acesso da estrada até a Fazenda Suiá-Missu, que já contava com uma estrada particular até a cidade de São Félix do Araguaia. Com esse prolongamento até a Fazenda, a cidade de São Félix, até então isolada, ganhava o seu primeiro acesso por terra.
Em 1967, é criada a Superintendência do Desenvolvimento da Região Centro-Oeste, destinada a promover o crescimento ordenado da região, absorvendo a Fundação Brasil Central.As obras de construção da estrada ficam paralisadas durante cerce de dois anos.
Em 1969, no dia 20 de outubro, o Departamento de Estrada de Rodagem do Mato Grosso (DERMAT) lança a Concorrência Pública Edital nº 23/69 para implantação de um trecho de 100 Km de extensão da BR-080, entre o Km 0 (próximo da Fazenda Suia-Missu/Km 342 da BR-158) até o Km 100, prosseguindo a construção da Rodovia Xavantina – Cachimbo, cujas obras foram paralisadas em meados de 1967. O último trecho, até o entroncamento com a Rodovia BR-165, a 100 Km da Base Aérea do Cachimbo, é finalmente entregue em dezembro de 1972, completando os 588 Km da rodovia. Nota-se que Rodovia BR-080 cortava o Parque Indígena do Xingu ao meio.
Estrada Cachimbo – Jacareacanga
O local da Base Aérea do Cachimbo foi oficialmente visitado pela primeira vez em setembro de 1950, por Olavo Cavalcanti, piloto civil a serviço da Fundação Brasil Central que aterrisou com um avião “Fairchild” sobre um "campo natural" existente. Dias depois voltou com uma turma de seis homens chefiada por Claudio Villasboas que imediatamente se dedicaram a melhorar as condições do campo. Pouco mais tarde começaram a aterrisar os primeiros aviões da FAB, inclusive “Douglas C-47”.
No entanto, a Base Aérea era praticamente uma ilha, só podendo ser atingida por avião, o que dificultava o envio de combustível, material e equipamentos para a manutenção do campo de pouso.
Após 3 anos de paralisação (1951-1954) das expedições da Fundação Brasil Central, em meados de abril de 1955 parte uma expedição da Base Aérea do Cachimbo, no sentido noroeste, afim de estabelecer uma ligação por terra com Jacareacanga.
No final de 1955 é oficialmente lançado o plano de implantação de uma estrada entre o Cachimbo e Jacareacanga, a ser construída com recursos da SPVEA (Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia) e da Fundação Brasil Central.
A construção é iniciada em janeiro de 1956, com o lançamento de duas frentes de trabalho, a primeira, a partir de Jacareacanga, com uma turma de Frederico Hoepeck, e a segunda, a partir de Base Aérea do Cachimbo, com o sertanista Claudio Villas Boas, que até fevereiro de 1956 já tinha aberto mais de 50 km de trilha.
No entanto, em março de 1956, o inspetor e chefe do Serviço de Proteção aos Índios, Francisco Meireles, indica às autoridades a existência de uma picada entre Jacareacanga e o Cachimbo, já encoberta pela vegetação. Talvez a turma do Claudio Villas Boas, tenha apenas reaberto a antiga picada, ao menos em parte.
Em fevereiro de 1956, o engenheiro Jerônimo Monteiro Filho, vice-presidente do Conselho Rodoviário Nacional, apresenta às autoridades o plano de implantação da rodovia radial Brasília – Manaus, passando pelas localidades de Cachimbo, Jacaré-Acanga e Nova Olinda, integrante da rota Pan-Americana Rio de Janeiro – Bogotá.
Em janeiro de 1957, o presidente JK em visita à Base Aérea do Cachimbo, visita as obras de construção da estrada. Em janeiro de 1958, a frente de serviço de Villas Boas já tinha aberto cerca de 2/3 da picada, alcançando o Km 350. Na ocasião o presidente da Fundação Brasil Central, Paulo Reto, anunciava que a estrada fazia parte do plano rodoviário de ligação direta da futura capital (Brasília) com Manaus. Em julho de 1958 o “picadão” atinge a Cachoeira de Creputiá, onde em seguida é aberto um campo de pouso que recebe o primeiro avião no dia 3 de fevereiro de 1959. O campo é homologado pelo Comando de Transportes Aéreos da FAB, em maio de 1959, permitindo a operações de aeronaves C-47 e DC-3.
Depois, através da Imprensa não tivemos mais notícias da implantação da estrada Cachimbo-Jacareacanga, se foi ou não concluída. Provavelmente que sim, pois a Base Aérea nunca foi abandonada.
Campos de Pouso abertos pela Fundação Brasil Central entre 1943 e 1958 :
1 - Aragarças (1943)
2 -Matrichá ou Vale dos Sonhos (90 Km ao norte de Aragarças) Em 1955 ganhas 77 lotes.
3 - Xavantina (1944)
4 - Campos dos Índios (1944)
5 - Rio Tanguro (1945), picada 200 Km acima do Rio das Mortes
6 - Garapú (a 200 Km do rio Areiões). Depois transformada em colônia agrícola.
7 - Rio Culuene, ou Jacaré (1945), afluente do rio Xingu.
8 - Xingu
9 - Gorotire, no Rio Fresco
10 – Diauarum (Onça Preta)
11 - Arraias
12 - Jacareacanga (1948). Em 1951 recebe melhoramentos para aeronaves de grande porte. Dista entre 3 e 4 Km da margem do rio Tapajós. Por volta de 1954 a pista é ampliada para 2080 m por 60, de largura, assim como cachimbo.
13 - Rio Teles Pires (1950). Localizado na margem direita do alto Teles Pires.
14 - Cachimbo (1950)
15 – Cachoeira Creputiá (1958), no rio Caruru, construído na época da abertura da picada Cachimbo-Jacareacanga. Do Cachimbo até Creputiá dois campos auxiliares já tinham sido abertos e logo depois aposentados.
Notas:
1 – Em março de 1951 a FBC contava com 3 campos praticáveis para aeronaves DC-3 e mais 9 campos menores intermediários, localizados em plena selva amazônica.
2 – Em maio de 1951, o ultimo posto da FBC era o do Serra do Cachimbo.
3- Em novembro de 1953 a FBC contava com 12 postos denominados Centros de Atvidades, sendo 11 deles situados no sertão, em plena função desbravadora.
4 – Em abril de 1957, estava sendo construído um campo de pouso entre o Cachimbo e Jacareacanga, que já contava com pista com 900 metros de extensão, mas ainda sem condições de operação.
REFERÊNCIAS:
Nomeado o Sr. João Alberto para novas funções. O Radical. Rio de janeiro. 04 dezembro 1943. p.1.
Brasil Central. O Globo Expedicionário. Rio de janeiro. 1945, fevereiro, 16. Página 4.
Acabou-se o mistério do Brasil Central. Diretrizes: Política, Economia, Cultura. Rio de janeiro. 1946, janeiro, 16.
Na Fundação Brasil Central. Correio da Manhã. Rio de janeiro. 1950, fevereiro, 24. Página 7.
RESENDE, Henrique. Bandeirantes do século XX. Correio da Manhã. 1950, maio, 9. Página 4.
Expedição Xingu Tapajós, Pouso Aéreo na Serra do Cachimbo. Correio da Manhã. 1950, setembro, 10. Segundo caderno, página 2.
CARVALHO. Antenor Leitão. Um fato em foto. O Cruzeiro. 1950, outubro, 28. Página 70.
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Para Aragarças, a sede da Fundação Brasil Central. Correio da Manhã. 1951, abril, 18. Página 3.
A Fundação Brasil Central e o S.P.I. Correio da Manhã. 1952, março, 25. Página 2.
De nada precisamos. Correio da Manhã. 1952, outubro, 11. Página 12.
O Discurso do Ministro da Aeronáutica em Manaus. Correio da Manhã, 1954, janeiro, 21. Página 7.
Decretos do Presidente da República. Correio da Manhã. 1954, setembro, 3. Página 6.
A Grande Ponte Aérea Rio-Manaus. Correio da Manhã. 1954, setembro, 10.
Duas Grandes Rodovias em plena selva. O Estado de Mato Grosso. 1954, fevereiro, 28. Página 3.
Um aeródromo no coração da selva. Correio da Manhã. Rio de janeiro. 1956, fevereiro, 25. Última página.
Os Planos de Meireles. Tribuna da Imprensa. Rio de janeiro. 1956, março, 2. Página 2.
Capacetes da legalidade. Correio da Manhã. Rio de janeiro. 1956, março, 2. Página 3.
Em vez de pousar em Aragarças o avião presidencial desceu em Goiânia. Correio da Manhã. Rio de janeiro. 1957, janeiro, 4.
Base de Cachimbo. Jornal do Brasil. Rio de janeiro. 1957, março, 21. Página 5.
A Serra do Cachimbo. Correio da Manhã. Rio de janeiro. 1957, maio, 17. Página 4.
Integração da Amazônia deve pesar nos pareceres militares. Correio da Manhã. Rio de janeiro. 1957, junho, 30. Página 3.
Determinado o centro geográfico do Brasil. Correio da Manhã. Rio de janeiro. 02 julho 1958. p.6.
Conquista do Centro Geográfico do Brasil. Correio da Manhã. Rio de janeiro. 17 agosto 1958. p.12.
Atingido e demarcado o Centro Geográfico do Brasil. Correio da Manhã. Rio de janeiro. 21 outubro 1958. p.12.
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Expedição de Oxford e Cambridge na América do Sul. Correio da Manhã. 22 junho 1958. Segundo Caderno. p.6.
Campo novo na floresta. Correio da Manhã. Rio de janeiro. 05 fevereiro 1959. p.6.
Homologado pelo Comta o campo de Creputiá. Correio da Manhã. Rio de janeiro. 06 maio 1959. p.13.
Será dinamizada a Fundação Brasil Central. Correio da Manhã. Rio de janeiro. 15 setembro 1964. p.5.
Sertanistas vão desbravar Xingu abrindo 780 quilômetros de picada. O Jornal. Rio de janeiro. 06 junho 1965. p.17.
Beltrão: Governo ajuda Estados quando pode. Tribuna da Imprensa. Rio de janeiro. 21 setembro 1967. p.2.
Página lançada em 26 de maio de 2019.